Deve
notar-se que a maioria dos estados e comandos numa fábrica
são binários (por exemplo ligado/desligado) o que
justifica a importância da segunda unidade de comunicação.
A caixa permitia ainda o encaixe de 16 módulos internos de
comunication register unit e a conexão a 256 módulos
externos de comunication register unit.
Num computador deste tipo não fazia sentido a denominação
Sistema Operativo. A programação era realizada em
linguagem máquina com instruções de 32 bit,
utilizando os comutadores visíveis no painel. No entanto,
era possível redigir os programas, utilizando mnemónicas,
num equipamento separado que dispunha de teclado, écran e
uma cassete de fita magnética (cassete Philips igual à
utilizada nos gravadores e walkman musicais). Registado o programa
na fita este era "assemblado" e depois lido para a memória
do TI 960. (É melhor não falar do intervalo de
tempo que demorava a testar um programa) .
O computador dispunha de uma bateria que permitia a conservação
dos dados e programas em memória durante cerca de 40 horas,
caso se verificasse uma interrupção do fornecimento
de energia eléctrica.
Ultima morada conhecida: CUF, S.A.R.L., - D.P.P. - Fábrica
de Rações para Animais - Barreiro
REPORTAGEM
API Revista de informática Volume 2 Número 3 Julho/Setembro
1981
A
revista de informática na Quimigal:
A
INFORMÁTICA INDUSTRIAL
A QUIMIGAL foi criada em 30 de Dezembro de 1977 pela fusão
do Amoníaco Português, Companhia União Fabril
e Nitratos de Portugal.
O seu objectivo principal é a exploração de
indústrias químicas e das actividades delas derivadas
ou com elas relacionadas, operando ainda noutras actividades complementares
ou acessórias.
Dentro de todo este universo, fomos visitar a Divisão de
Produtos para a Pecuária (D.P.P.). Esta tem por finalidade
gerir a actividade da QUIMIGAL relacionada com o fabrico e a comercialização
de produtos para a pecuária designadamente alimentos compostos
para animais. Assim comercializa alimentos compostos para animais,
alimentos líquidos; alimentos para cães e pombos correios
e correctivos minero-vitamínicos.
Organizando-se nos seus primeiros tempos, à volta do aproveitamento
de subprodutos da laboração de sementes para a extracção
de óleos alimentares, esta actividade veio a evoluir no sentido
de acompanhar o desenvolvimento do sector agro-pecuário nacional.
A nova dimensão daqui resultante trouxe a esta Divisão
acrescidas responsabilidades no campo da assistência técnica
e também no domínio da experimentação,
que sistematicamente promove em unidades próprias de exploração
pecuária.
Desta divisão, fazem parte duas fábricas. Uma, insere-se
no complexo industrial do Barreiro, a qual produz rações
para animais quantitativo de 200.000 T/ano. A outra, é uma
unidade industrial de Lisboa e tem uma produção anual
de 50.000 T.
MEIOS
INFORMÁTICOS
Quanto aos meios informáticos, no sistema divisional dispõem
de um computador ibm/3 - Mod. 12 com um CPU de 96K, uma impressora
de 465 linhas por minuto.
Trabalha 24 horas por dia, cinco dias na semana, e algumas vezes,
em especial ao fim do mês, seis dias.
A taxa de utilização na unidade central é da
ordem dos 80 a 85% em relação ao tempo de utilização
- 24 horas, o que faz com que se encontre totalmente saturado. Recentemente
foi instalada mais uma unidade de disco e uma unidade de banda para
segurança.
A linguagem utilizada é exclusivamente o RPG, com excepção
de um único programa: a rotina de optimização
de formulação.
Existem, presentemente em exploração permanente cerca
de 800 programas. No total foram realizados 1.100 a 1.200 programas.
Para a recolha de dados, utilizam centralmente uma ibm 3742, e as
transmissões de dados são asseguradas por uma Olivetti
DE 525, com l6K de memória, duas unidades de diskette, e
uma -impressora, também instalada centralmente.
As teletransmissões são realizadas por cinco unidades
Olivetti DE 525, estando duas instaladas no Barreiro, uma em Lisboa,
no largo das Fontainhas, outra em Rio Maior e ainda uma em Leiria.
Toda a concepção do sistema, como o conceito de exploração
das teletransmissões, foi realizada pela QUIMIGAL.
A fábrica do Barreiro está equipada com um computador
Texas Instrument, tipo 960B.
Este equipamento tem uma capacidade de memória (CPU) de 48K.
O ciclo de memória por palavra é, aproximadamente,
de 750 nanosegundos. O T. I. - 960B está preparado para suportar
um teleprinter, mais três periféricos adicionais.
Como segurança estrita, quando da falha de energia eléctrica,
possui um conjunto de acumuladores que sustenta a informação
em memória, e ainda um alternador com entrada em funcionamento
automático.
Este computador efectua: cálculo de stocks através
das informações de pesos das balanças de entrada
e das transferências, para além das de expedição
de produto acabado; estabelece os caminhos livres mais simples para
acções de enchimento de silos; memoriza fórmulas;
recebe e cumpre instruções para programa diário
de fabrico; comanda directamente a operação de doseamento,
de prensagem e moagem; comanda e memoriza informações
idênticas sobre a fábrica de concentrados; no caso
de serem excedidas tolerâncias de peso no doseamento, acciona
o respectivo alarme; dá ordens directas a contactores e automáticos
de motores. Através de uma Olivetti DE 525, ligada on line
por cabo, recebe e envia informações para o computador
ibm 3/12.
Este sistema de comunicação entre os dois computadores
foi uma inovação pioneira realizada por um grupo de
elementos da QUIMIGAL em 1977/78.
Toda a concepção do sistema, como o conceito de exploração
das teletransmissões, foi realizada pela QUIMIGAL.
MEIOS
HUMANOS
O número de pessoas quer a recolher quer a operar é
muito pequeno.
Dispõem de um Analista de Sistemas, um Analista Orgânico,
dois Programadores e seis Operadores de computador na área
de exploração.
Na recolha de Dados têm uma ibm 3742, com dois teclados mas
só é operada por um trabalhador. Como existem dois
operadores por turno de exploração, se há alguns
dados a recolher (e há sempre uns resíduos), um dos
operadores de computador faz essa operação. As pessoas
que operam as Olivetti são empregados normais, que emitem
os documentos ao balcão.
O grupo de pessoas que trabalham na informática divisional,
está inserido na área financeira e administrativa.
A relação com a direcção de Informática
da QUIMIGAL é estabelecido na resolução de
problemas complexos e na consolidação de informações,
mantendo a informática divisional uma autonomia própria.
APLICAÇÕES
DE INFORMÁTICA
RECENTEMENTE REALIZADAS
A aplicação mais recente dos Serviços de lntormática
da D.P.P. foi a introdução dos orçamentos a
todos os níveis de gestão e controlo orçamentai.
Enquanto em algumas empresas, estas operações chegam
a levar meses, aqui elas têm a duração de 3
a 4 dias.
FORMAÇÃO
E RECICLAGEM
DOS MEIOS HUMANOS
Os programas de formação da D.P.P. são sempre
orientados para os seus objectivos. Isto é, na D. P. P. não
se faz formação pela formação. O mesmo
se passa com o pessoal de programação. Quando da entrada
dos analistas, quase todos já dominavam a linguagem RPG,
a um único lhe foi dado um curso COBOL, porque se pensava
realizar nessa linguagem.
INTERCÂMBIO
Intercâmbio com outras empresas, propriamente dito, não
há. Existe sim com a própria empresa. Com o exterior
não há muito. Pode-se dizer que com as escolas tem
havido normalmente algum. Estas pedem informações,
pessoas para fazer palestras etc..
FUTURO
Com a entrada de Portugal na CEE, o negócio das rações
vai sofrer uma profunda alteração. Como é do
conhecimento geral - até já foi anunciado por elementos
do governo - vai haver uma liberalização de compra
das matérias-primas que até aqui estava controlada
pela EPAC, no caso dos cereais, e pelo Serviço dos Azeites
e Produtos Oleaginosos. Portanto, com a liberaalização
das compras as empresas de rações, vão ter
de criar uma organização para a compra nos mercados
internacionais de matérias-primas, o que não é
assim tão fácil, dado não só os volumes
que essas compras implicam, mas também os capitais necessários,
e a capacidade de manuseamento de gandes quantidades de matérias-primas,
por exemplo a descarga.
É um ponto para o qual a empresa está a olhar e a
desenvolver acções como de resto a generalidade das
grandes empresas de rações. Isto a montante é
um dos maiores problemas que se põe. A juzante. alguns, se
põem também, porque os clientes, os compradores de
rações, são produtores pecuários. Em
termos de CEE, talvez algumas dessas unidades, onde existem produtores
que têm por média uma vaca e meia ou menos, - tal como
se encontra na Beira Litoral - estejam condenadas. Vai ter de se
dar, uma certa concentração dos produtores pecuários
- o que já se nota. Quer em cooperativas, quer até
pela concentração a nível industrial de certas
empresas. Daí, que o problema da produção de
rações, estando o mercado de matérias-primas
livre, venha a não se agravar, mas a exigir do fabricante
uma maior responsabilidade, na medida em que ele começa a
ter que comprar as matérias primas, passa a ser responsável
pela qualidade, como também, por uma formulação
das rações mais adequadas, às necessidades
dos seus novos clientes de que porventura serão maiores do
que aqueles que agora existem. Por outras palavras: dimensão
para aquisição e manuseamento de grandes quantidades
de matérias-primas; dimensão para a formulação
adequada em função das necessidades de uma clientela.
É aí que está o maior desafio. Quanto a uma
possível expansão, a nível extemo só
para algumas regiões de Espanha. O negócio de rações
é de fraco valor acrescentado. É fundamentalmente
um negócio de matérias-primas, mistura dessas matérias-primas,
portanto o valor acrescentado é pouco, logo não fazia
sentido, que viessem matérias-primas dum país para
serem misturados e depois serem enviados para outro.
É evidente que o mesmo já não se diz dos produtos
pecuários. O frango, os ovos e o porco é possível
exportar. Como também têm hipóteses de exportarem
concentrados vitamínicos e minerais, dos quais a QUIMIGAL
também é produtora.
A
REVISTA DE INFORMÁTICA. agradece a colaboração
prestada pelo Dr. Fernandes de Almeida e Sr. João Rodrigues
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