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Histórias
[ Antes do Computador | Antes da Internet | Quando os computadores não falavam]
Antes da Internet
- A dispersão do Homem sobre o planeta Terra e a necessidade de se sentir acompanhado conduziu à invenção de meios de comunicação à distância.
Nos alvores Préhistória o Homem não dispunha senão da voz para comunicar à distância. Depressa se constatou que o alcance da voz era muito reduzido e lançou-se mão da percussão do tambor, segundo um código simples, perdendo qualidade na transmissão mas ganhando um alcance maior. A utilização de fogueiras permitia a comunicação a distâncias superiores a 20 quilómetros mas o código era muito elementar e o conteúdo da mensagem muito incipiente. Uma solução de compromisso entre qualidade e alcance foi conseguida pela utilização de estafetas.

Em 1794, Chappe inventa o telégrafo óptico que, utilizando um código elaborado, permitiu a ligação telegráfica regular entre Paris e Lille transmitindo mensagens completas num intervalo de tempo relativamente curto, isto se não houvesse nevoeiro, se não fosse noite ou se o encarregado do posto de retransmissão estivesse presente e não se enganasse.

A descoberta da electricidade permitiu a Samuel Morse inventar o telégrafo "por fios" em 1832. A mensagem completa era transmitida a grandes distâncias e instantaneamente, segundo um código binário (impulsos longos e curtos = traços e pontos), denominado alfabeto Morse. A recepção da mensagem apenas dependia da presença do telegrafista de serviço junto do aparelho receptor. O quantitativo de erros estava directamente correlacionado com a aptidão profissional de cada um dos telegrafistas que actuavam como emissor e receptor da mensagem.

Em 1844 é construida a primeira linha telegráfica ligando Baltimore e New York. Em 1850 realiza-se uma tentativa para lançar um cabo telegráfico submarino entre a França e a Inglaterra e, em 1866, a Nova Inglaterra e a Irlanda são ligadas através de um cabo telegráfico submarino encurtando-se assim a distância entre o continente Americano e a Europa.


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Em 1876, Graham Bell, inventa o telefone permitindo a transmissão da voz à distância sob a forma de impulsos eléctricos analógicos. Os utentes passam a emissores e receptores de mensagens em alternância sobre uma linha telefónica. Cedo se verificou que a distância a que se podia estabelecer a comunicação telefónica era inferior à disponível no telégrafo de Morse. Esta restrição era devida a fenómenos de auto-indução eléctrica e geração de correntes parasitas que, progressivamente, foram sendo eliminados pela utilização de novas técnicas.

A popularidade do telefone conduziu à necessidade de comutação de circuitos que permitissem conectar qualquer utente a qualquer utente. As primeiras centrais de comutação eram manuais isto é, a comutação de circuitos era realizada por telefonistas que introduziam e retiravam "cavilhas" num painel terminal de linhas telefónicas. Surgiu assim o conceito de Rede telefónica e Nó, correspondendo este a uma central de comutação.

Conectando as Centrais de comutação entre si alargava-se o espaço geográfico coberto pelas Redes e um maior quantitativo de utentes podia estabelecer comunicações entre si.

As tarefas executadas pelas telefonistas eram fastidiosas, não eram isentas de erro e não existia confidencialidade na comunicação telefónica; qualquer telefonista podia escutar a comunicação entre dois utentes.

Em 1888, em Kansas City, Almon Strowger inventou um selector automático de comutação telefónica que substituía com vantagem a actividade da telefonista. O selector era electromecânico e, com alguns aperfeiçoamentos, sobreviveu até à actualidade.

A invenção do selector automático de comutação telefónica permitiu inaugurar, em 1892, a primeira Central Telefónica Automática conectando 100 assinantes da localidade de La Porte no Estado de Indiana nos U.S.A. Em 1908 a Siemens instalou em Berlim a primeira Central Telefónica Automática Europeia conectando 400 assinantes. Em 1960 a comutação electromecânica começou a ser substituída pela electrónica, tendo a primeira Central sido instalada no Illinois pela Bell Telephone Company.

A expansão das Redes Telefónicas Nacionais não cessou: em 1915 foi realizada a primeira comunicação telefónica transcontinental entre New York e San Francisco e em 1928 foi inaugurado um serviço transatlântico entre New York e London.


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Por outro lado, em 1887 Henrich Hertz, baseado nos trabalho de Maxwell, descobre as ondas electromagnéticas e, em 1894, Marconi consegue realizar uma transmissão "sem fios" de um sinal para um receptor a 7 metros de distância do emissor; em 1895 já conseguia transmitir a 1 milha de distância e em 1901 consegue transmitir sinais telegráficos entre as duas costas do Oceano Atlântico (U.S.A. e Irlanda).

A descoberta, em 1907 por Lee de Forest do tríodo que podia produzir correntes eléctricas de alta frequência, amplificá-las e detectá-las, possibilitou a realização de ligações hertzianas sobre todo o mundo, dando origem à emissão e recepção por TSF (Telefonia Sem Fios).

Em 1936 a primeira Televisão comercial inicia a transmissão simultânea de imagens e som tendo por suporte ondas hertzianas.


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A saturação dos canais de transmissão conduziu ao aperfeiçoamento dos métodos utilizados nomeadamente através da transmissão múltipla por divisão de frequência ou por divisão do tempo e da utilização de satélites artificiais como difractores de ondas hertzianas (TELSTAR em 1962).

Para além do fio de cobre as ondas hertzianas passaram a ser um suporte utilizado para a transmissão de sinais telegráficos, telefónicos e imagem. A estes suportes vem juntar-se a Fibra óptica que é utilizada pela primeira vez em 1977 como linha telefónica entre Coy Beach e Artesia na Califórnia.

O desenvolvimento das telecomunicações realizou-se fundamentalmente com a finalidade de transmitir som, nomeadamente o produzido pela voz humana, tendo como suporte sinais analógicos e não foi senão muito recentemente (1952) que a Informática e as Telecomunicações cooperaram entre si. Em 1952 a transportadora aérea American Airlines dos U.S.A. desenvolveu um sistema automático de reservas de lugares para passageiros recorrendo ao uso conjugado do computador e das técnicas de telecomunicação.

No entanto, a teletransmissão de textos (serviço telex em 1931, construído com base no teleimpressor descoberto em 1915) e de fotografia (facsimile em 1935) recorria às infraestruturas telegráficas existentes que suportavam a transmissão de sinais digitais.


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Só em 1978 no Relatório Nora-Minc: l'informatisation de la sociétè surge o neologismo TELEMATIQUE com o significado literal de Informática à distância reunindo assim pela primeira vez as Ciências Informática e das Telecomunicações sob um objectivo comum.

Esta dicotomia levou a que quando se pretendeu teletransmitir sinais entre um computador e um equipamento terminal fosse necessário criar um dispositivo que interpretasse os sinais digitais emitidos pelo computador, os transformasse em sinais analógicos e os lançasse na Rede Telefónica, quando em situação de emissor. O mesmo dispositivo realizava a recepção de sinais analógicos na Rede Telefónica e efectuava a operação inversa no sentido do computador. Este dispositivo recebeu a denominação de MODEM (MOdulator DEModulator).

No entanto, a utilização em larga escala de dispositivos electrónicos nas centrais de comutação telefónica que, no seu estado de desenvolvimento actual, são computadores do tipo maiframe inverteu a situação. Os sinais que circulam sobre a maioria das redes são digitais e o som, os textos e imagens são sujeitos a um processo de codificação, num sistema binário denominado na gíria digitalização, para poderem circular sobre a rede. Um processo inverso restitui, no dispositivo terminal, a forma original emitida.

Esta inversão conduziu a uma situação em que, sobre uma rede, podem circular simultaneamente, a grande velocidade, sons imagens e textos, transformando-se assim as clássicas Companhias Telefónicas em transportadores e distribuidores de Informação.

A redução dos custos de produção dos componentes electrónicos de uma central permitiu a sua utilização em perímetros fechados de volumetria reduzida, por exemplo num edifício, dando origem à construção de Redes Locais com suporte em fio de cobre ou fibra óptica sobre o qual circulam, simultaneamente som, textos e imagens.

A conexão deste tipo de redes a outras abrangendo uma maior área geográfica e a conexão destas entre si com suporte, normalmente, em ondas hertzianas permite conectar entre si dois utentes, sejam indivíduos ou organizações, colocados geograficamente em qualquer ponto do planeta Terra ou fora dele.