A
UCP compreendia uma memória de 8.192 palavras de 39 bit (equivaleria
a uma memória actual de 40K). Embora fossem gerados vários
sinais de ciclo de memória, o ciclo base da memória
deste computador era 288 µs (micro segundos). Executava-se
uma instrução em 576 microsegundos, o que, nesse tempo,
era notável.
Cada
palavra poderia conter ou 2 instruções (em que a segunda
poderia ser alterada pela instrução que a precedia)
ou 1 valor entre 0 e 1 (o programador é que devia ter em
atenção qual a potência de 10 que o afectava);
era, no entanto, possível equipa-lo com uma unidade de cálculo
em Vírgula Flutuante.
A
codificação dos números era em binário
puro. Assim, uma word poderia armazenar um número até
ao valor 274.877.906.943, pois o bit mais significativo funcionava
como bit de sinal (para negativar um valor fazia-se a sua complementarização).
O
Input/Output era feito em fita perfurada de 5 canais - código
telegráfico -. Para o efeito possuía 1 ou 2 leitores
ópticos Elliott com velocidades de leitura de 500 ou de1000
caracteres por segundo e outros tantos perfuradores Teletype com
uma velocidade de perfuração de 110 caracteres por
segundo. Também era possível utilizar uma saída
directa para um Typewriter, mas a sua impressão, com uma
velocidade de 10 caracteres por segundo era demasiado lenta para
um Output de volume normal.
A
programação era feita em código de máquina,
embora existisse um incipiente Autocode de nível de Assembler.
Não existia qualquer sistema operativo e o Software fornecido
resumia-se a algumas rotinas de aplicação em cálculos
científicos, nomeadamente de cálculo matricial.
O
que realmente tornava este computador notável, talvez único,
era a utilização que fazia de toros de ferrite. Naturalmente
que à época, e ainda durante mais 10 anos, as memórias
eram construídas em matrizes de toros de material ferri-magnético.
Mas neste computador os toros de ferrite eram também utilizados
como base dos circuitos lógicos e na transferência
de dados interna.
Um
exemplar deste Sistema equipou o Centro de Cálculo do LNEC
entre 1963 e 1968 tendo sido substituido nesse ano por um Elliott
4100.
Este
Sistema era utilizado para o cálculo automático de
estruturas, pavimentos pré-esforçados, traçados
de estradas, acompanhado da automatização dos métodos
matriciais e do desenvolvimento do método dos elementos finitos.
Em 1969 Luís Braga da Cruz, com o apoio do Professor Correia de Araújo, "transfere" o
Elliot 803 - B do LNEC para a FEUP - Faculdade de Engenharia do Porto. O Sistema permanece em funcionamento
no Centro de Cálculo da FEUP até 1980.
Última
morada conhecida, segundo informação de Eduardo Beira - Centro de Cálculo da Faculdade de Engenharia do Porto
Entre 8 de Janeiro
e 2 de Março de 2003 os "restos" dos dois Sistemas, recolhidos por Eduardo Beira,
estarão na Cordoaria Nacional em Lisboa integrados na Exposição "Engenho e Obra:
A Engenharia em Portugal no século XX".
Deve
notar-se que este Sistema, semelhante ao instalado em 1961 em Pinto
de Magalhães Banqueiros, não estava equipado com unidades
de bobinas para filmes de 35 mm revestidos com óxido de ferro.
Verifica-se assim que no LNEC não se previa o tratamento
de informação armazenada em ficheiros enquanto no
Banco esse processamento era realizado. Em contrapartida o computador
instalado no LNEC dispunha de unidade de Vírgula Flutuante.
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