U.C.P.
estava alojada em armário separado (ao fundo na fotografia)
e a memória, constituída por ferrites (toros de óxido
de ferro) em banho de óleo, tinha uma capacidade de 32K e
um tempo de acesso de 14 microsegundos a dois caracteres de cada
vez, em paralelo. A memória era assincrona, isto é
não existia "clock", e o registo de dados
era realizado em comprimento variável. A U.A.L. realizava
operações binárias em virgula flutuante.
Lembre-se que no início dos anos 60 foi publicada uma norma
ISO, aceite por todos os grandes construtores, que recomendava nomeadamente
para as comunicações de dados, a substituição
da arcaica e injustificável unidade de caracter 2x4 bit,
por um conjunto de 7 bit perfeitamente suficiente. Só era
possível codificar-se 128 caracteres diferentes, mas o mais
importante era que se podia utilizar o bit mais significativo como
marca de fim de campo. Quer dizer, o computador passava a ser uma
máquina verdadeiramente de comprimento variável, sem
que ninguém se tivesse de preocupar em definir o comprimento
das variáveis: nem o programador, como em todas as linguagens
até então, nem o compilador. Como esta norma acabou
por não ser seguida senão para as comunicações
de dados (ASCI7), o Pallas foi o único computador que
se conhece com essa característica avançada.
Foi um dos primeiros computadores em Multiprogramação.
Uma capacidade baseada na tecnologia de varrimento das diversas
linhas de interrupção de que reconhecia dois tipos:
interrupções urgentes e interrupções
originadas por periféricos lentos. Por menor pressão
das necessidades e falta de experiência à época,
essa capacidade de Multiprogramação era efectivamente
utilizada para lançar uma rotina de teste de 2 em 2 segundos.
Quanto ao Input/Output, tinha uma capacidade teórica desmesurada:
8 canais de multiuso, por exemplo podia admitir 8 impressoras
de linhas.
A impressora (à esquerda no primeiro plano da fotografia)
compreendia um sistema de impressão de impacto sobre um tambor,
em que estavam abertos em "alto-relevo" os caracteres,
que rodava em torno de um eixo horizontal, e 128 martelos que batiam
sobre uma fita tinta em tecido, a qual se deslocava horizontalmente
sobre o papel contínuo com "banda Carol". Imprimia
até quatro cópias com papel químico intercalado
e atingia uma velocidade de 300 linhas por minuto. Era comandada
e controlada por uma unidade canal (ao fundo da fotografia e à
frente da UCP) percursora das unidades de contolo ou interfaces
incluidas actualmente em todas as impressoras.
Era equipado com três unidades de fita magnética (à
direita na fotografia) com cabeça de leitura/escrita dupla,
dispondo de uma velocidade de transferência de 36.000 caracteres
por segundo. As fitas, enroladas em bobinas tinham meia polegada
de largura, 750 metros de comprimento total e eram gravadas a 556
b.p.i sobre 9 pistas. Dispunham também de uma unidade canal
própria (dois armários visíveis na fotografia
na fila das unidades de fita magnética) percursora das
unidades de contolo ou interfaces incluidas actualmente em todas
as unidades de disco magnético.
Como unidades de entrada de dados compreendia um leitor de cartões
perfurados de 80 colunas (não visível na fotografia
por estar situado atrás do separador da sala junto à
impressora) com uma velocidade máxima de leitura de 600 cartões
por minuto. Na mesa da consola (encoberto na fotografia pelo operador)
situava-se uma outra unidade de entrada constituida por um leitor
de fita de papel perfurada por detecção de variação
de capacidade percursora dos modernos teclados não móveis
(como exemplo utilizados em elevadores ou em caixas Multibanco)
com uma velocidade de leitura de 1.000 caracteres por segundo. Por
baixo do leitor de fita, existia um perfurador de fita de papel
com uma velocidade de perfuração de 110 caracteres
por segundo. Ambos utilizavam códigos de 8 perfurações.
A consola (em primeiro plano na fotografia) compreendia uma máquina
de escrever de esfera (I.B.M.) que inicialmente apenas era utilizada
para a edição de mensagens do sistema. Eu próprio
gastei um mês e meio para escrever um programa, em linguagem
máquina, que permitisse o comando do sistema a partir de
textos escritos na referida máquina de escrever. Antes da
utilização deste programa o comando do sistema era
realizado pelo posicionamento de comutadores visíveis na
fotografia, na mesa da consola, à direita do operador.
Não existia Sistema Operativo mas um Sistema Executivo que
permitia realizar o arranque do sistema e efectuar algumas operações
comuns no dia a dia da exploração, como a cópia
de ficheiros entre suportes diferentes, a sua ordenação
(TRI - abreviatura de triage) e até alguns curiosamente menos
comuns, como a criação de ficheiros simulados adequados
ao teste dos programas.
A programação era realizada recorrendo a mnemónicas
compreendidas na linguagem LOUP (Langage Operationelle d' Utilization
Pratique), também denominada jocosamente linguagem de cão.
Os programas eram perfurados em fita de papel utilizando um teleimpressor
"off-line" e depois lidos no leitor de fita perfurada.
O Sistema dispunha ainda de compiladores para as linguagens de programação
ALGOL, MAGE (Méthode d' Assemblage de Grande Efficacité
) FORTRAN e GEAI (Gestion et Automatization Intégrée).
Esta última permitia utilização de métodos
de programação recursiva usando o comando RP (Renvoi
en Procédure) percursor dos actuais comandos de execução
de subprogramas.
O local para instalação do Sistema deveria ter uma
área mínima de 40 m2 com uma carga admissível
de 600 Kg/m2, uma potência eléctrica instalada de 10
KVA e a climatização exigia a instalação
de 4 a 5 aparelhos de ar condicionado com permutador externo ao
edifício.
Última
morada conhecida: Regisconta S.A.R.L., na rua Serpa Pinto em Lisboa.
As Aplicações Informáticas processadas neste
Sistema tinham carácter repetitivo periódico.
No entanto, os dados para input eram obtidos com procedimentos que
actualmente se denominam just in time.
As operaçães para edição de documentos
eram realizadas em máquinas de escrever, máquinas
facturadoras, máquinas de contabilidade e máquinas
calculadoras a que se acopolavam perfuradores de fita de papel,
instaladas nos escritórios dos clientes.
Por exemplo: no escritório de uma Seguradora quando era editada
uma apólice numa máquina de escrever, mediante um
programa (comandos electromecânicos) apropriado eram perfurados
na fita de papel os dados pertinentes para a Aplicação
Informática.
O rolo de fita perfurada, obtido mensalmente, era enviado para o
Sistema (Pallas) onde os dados eram lidos e tranferidos para fita
magnética.
Periodicamente uma Aplicação Informática lia
os dados actualizados registados na fita magnética e editava
no Sistema (Pallas) os recibos da "carteira de continuados"
e várias estatísticas.
Várias Empresas Seguradoras, Serviços Municipalizados,
Empresas Industriais e Empresas Comerciais, existentes na época,
utilizaram este tipo de Aplicações Informáticas
com plena satisfação.
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