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De 1960 a 1969
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Computadores de Segunda Geração
Livro de Computadores Digitais ]

Ensemble Électonic Pallas

1965/1966

A informação referente a este sistema foi compilada a partir das minhas próprias memórias e dos dados cedidos pelo amigo, de longa data, Manuel Ortins de Bettencourt que realizou a instalação, manutenção e reparação deste computador.

Classificado na época como um computador de grande potência era fabricado em França pela SETI (Société Européene pour le Traitement de l' Information) circa 1965-1966.

 

U.C.P. estava alojada em armário separado (ao fundo na fotografia) e a memória, constituída por ferrites (toros de óxido de ferro) em banho de óleo, tinha uma capacidade de 32K e um tempo de acesso de 14 microsegundos a dois caracteres de cada vez, em paralelo. A memória era assincrona, isto é não existia "clock", e o registo de dados era realizado em comprimento variável. A U.A.L. realizava operações binárias em virgula flutuante.

Lembre-se que no início dos anos 60 foi publicada uma norma ISO, aceite por todos os grandes construtores, que recomendava nomeadamente para as comunicações de dados, a substituição da arcaica e injustificável unidade de caracter 2x4 bit, por um conjunto de 7 bit perfeitamente suficiente. Só era possível codificar-se 128 caracteres diferentes, mas o mais importante era que se podia utilizar o bit mais significativo como marca de fim de campo. Quer dizer, o computador passava a ser uma máquina verdadeiramente de comprimento variável, sem que ninguém se tivesse de preocupar em definir o comprimento das variáveis: nem o programador, como em todas as linguagens até então, nem o compilador. Como esta norma acabou por não ser seguida senão para as comunicações de dados (ASCI7), o Pallas foi o único computador que se conhece com essa característica avançada.

Foi um dos primeiros computadores em Multiprogramação. Uma capacidade baseada na tecnologia de varrimento das diversas linhas de interrupção de que reconhecia dois tipos: interrupções urgentes e interrupções originadas por periféricos lentos. Por menor pressão das necessidades e falta de experiência à época, essa capacidade de Multiprogramação era efectivamente utilizada para lançar uma rotina de teste de 2 em 2 segundos.

Quanto ao Input/Output, tinha uma capacidade teórica desmesurada: 8 canais de multiuso, por exemplo podia admitir 8 impressoras de linhas.

A impressora (à esquerda no primeiro plano da fotografia) compreendia um sistema de impressão de impacto sobre um tambor, em que estavam abertos em "alto-relevo" os caracteres, que rodava em torno de um eixo horizontal, e 128 martelos que batiam sobre uma fita tinta em tecido, a qual se deslocava horizontalmente sobre o papel contínuo com "banda Carol". Imprimia até quatro cópias com papel químico intercalado e atingia uma velocidade de 300 linhas por minuto. Era comandada e controlada por uma unidade canal (ao fundo da fotografia e à frente da UCP) percursora das unidades de contolo ou interfaces incluidas actualmente em todas as impressoras.

Era equipado com três unidades de fita magnética (à direita na fotografia) com cabeça de leitura/escrita dupla, dispondo de uma velocidade de transferência de 36.000 caracteres por segundo. As fitas, enroladas em bobinas tinham meia polegada de largura, 750 metros de comprimento total e eram gravadas a 556 b.p.i sobre 9 pistas. Dispunham também de uma unidade canal própria (dois armários visíveis na fotografia na fila das unidades de fita magnética) percursora das unidades de contolo ou interfaces incluidas actualmente em todas as unidades de disco magnético.

Como unidades de entrada de dados compreendia um leitor de cartões perfurados de 80 colunas (não visível na fotografia por estar situado atrás do separador da sala junto à impressora) com uma velocidade máxima de leitura de 600 cartões por minuto. Na mesa da consola (encoberto na fotografia pelo operador) situava-se uma outra unidade de entrada constituida por um leitor de fita de papel perfurada por detecção de variação de capacidade percursora dos modernos teclados não móveis (como exemplo utilizados em elevadores ou em caixas Multibanco) com uma velocidade de leitura de 1.000 caracteres por segundo. Por baixo do leitor de fita, existia um perfurador de fita de papel com uma velocidade de perfuração de 110 caracteres por segundo. Ambos utilizavam códigos de 8 perfurações.

A consola (em primeiro plano na fotografia) compreendia uma máquina de escrever de esfera (I.B.M.) que inicialmente apenas era utilizada para a edição de mensagens do sistema. Eu próprio gastei um mês e meio para escrever um programa, em linguagem máquina, que permitisse o comando do sistema a partir de textos escritos na referida máquina de escrever. Antes da utilização deste programa o comando do sistema era realizado pelo posicionamento de comutadores visíveis na fotografia, na mesa da consola, à direita do operador.

Não existia Sistema Operativo mas um Sistema Executivo que permitia realizar o arranque do sistema e efectuar algumas operações comuns no dia a dia da exploração, como a cópia de ficheiros entre suportes diferentes, a sua ordenação (TRI - abreviatura de triage) e até alguns curiosamente menos comuns, como a criação de ficheiros simulados adequados ao teste dos programas.

A programação era realizada recorrendo a mnemónicas compreendidas na linguagem LOUP (Langage Operationelle d' Utilization Pratique), também denominada jocosamente linguagem de cão. Os programas eram perfurados em fita de papel utilizando um teleimpressor "off-line" e depois lidos no leitor de fita perfurada.

O Sistema dispunha ainda de compiladores para as linguagens de programação ALGOL, MAGE (Méthode d' Assemblage de Grande Efficacité ) FORTRAN e GEAI (Gestion et Automatization Intégrée). Esta última permitia utilização de métodos de programação recursiva usando o comando RP (Renvoi en Procédure) percursor dos actuais comandos de execução de subprogramas.

O local para instalação do Sistema deveria ter uma área mínima de 40 m2 com uma carga admissível de 600 Kg/m2, uma potência eléctrica instalada de 10 KVA e a climatização exigia a instalação de 4 a 5 aparelhos de ar condicionado com permutador externo ao edifício.

Última morada conhecida: Regisconta S.A.R.L., na rua Serpa Pinto em Lisboa.

As Aplicações Informáticas processadas neste Sistema tinham carácter repetitivo periódico.
No entanto, os dados para input eram obtidos com procedimentos que actualmente se denominam just in time.
As operaçães para edição de documentos eram realizadas em máquinas de escrever, máquinas facturadoras, máquinas de contabilidade e máquinas calculadoras a que se acopolavam perfuradores de fita de papel, instaladas nos escritórios dos clientes.
Por exemplo: no escritório de uma Seguradora quando era editada uma apólice numa máquina de escrever, mediante um programa (comandos electromecânicos) apropriado eram perfurados na fita de papel os dados pertinentes para a Aplicação Informática.
O rolo de fita perfurada, obtido mensalmente, era enviado para o Sistema (Pallas) onde os dados eram lidos e tranferidos para fita magnética.
Periodicamente uma Aplicação Informática lia os dados actualizados registados na fita magnética e editava no Sistema (Pallas) os recibos da "carteira de continuados" e várias estatísticas.
Várias Empresas Seguradoras, Serviços Municipalizados, Empresas Industriais e Empresas Comerciais, existentes na época, utilizaram este tipo de Aplicações Informáticas com plena satisfação.